O discipulado e a doutrina

O discipulado e a doutrina
Em toda a Bíblia vemos Deus instruindo não somente a obediência às suas
palavras, mas também o ensino delas. Seja ensinar às crianças ou aos adultos
(Pv 22:6). Não podemos obedecer ou seguir a algo que não conhecemos. E, se
não conhecemos a Palavra de Deus, como vamos segui-la, como vamos vivê-la?
Por isso é muito importante o discipulado para a vida das pessoas e é também
uma grande responsabilidade para o ensinador, pois é nesse momento que vamos
moldar a vida espiritual da pessoa. Se dermos bons alimentos, ou seja, a boa
Palavra para essa pessoa, ela será sã e será mais difícil de cair em ventos
doutrinários. Isso porque ela se sentirá mais segura ao conhecer o que Deus diz e
o que Deus não diz.
É importante lembrar também que o Senhor nos deixou as Escrituras como uma
forma de conhecê-lo; vemos isso explícito no livro de Isaías, no qual Deus fala de
seus sentimentos para com os homens (Is 1:2,3), que criou todas as coisas (Is
40:12), que Ele permite bem e mal (Is 45:7). E isso não acontece apenas com o
livro de Isaías; por toda a Bíblia encontramos uma pequena descrição do poder e
do amor de Deus e temos uma noção de como o Senhor age em nossas vidas. Se
negarmos a ensinar isso no discipulado, simplesmente estaremos negando de
evangelizar. Por isso a importância do ensino da sã doutrina; uma vez bem
instruídos, somos capazes de alcançar mais pessoas e contradizer falsas
doutrinas (Tito 1:9).
Por isso, é importante que a igreja forme grupos de estudos, organizados, unidos
em uma mesma forma de pensar e ensinar, semanais, para que todos possam vir
a aprender da Palavra. Dessa forma, instruímos da Palavra, tiramos dúvidas que
possam a surgir com o dia-a-dia cristão, e crescemos em conhecer ao Senhor
através de sua Palavra. Todos são bem vindos a esse discipulado e até se torna
bom que todos os membros, sejam eles novos ou não, participem; assim, a igreja
vai contar com membros que pensem de maneira semelhante. Assim, a sã
doutrina protegerá a congregação ou ministério de ventos doutrinários que
possam surgir.
Atualmente vemos dezenas de pessoas e ministérios que tomam para si novas
teologias e doutrinas anti-bíblicas e vêm confundindo a cabeça das pessoas. Isso
acontece porque as pessoas visam procurar doutrinas mais confortáveis para suas
vaidades e vontades (2Tm 4:3). Temos o dever de orientar, ensinar e doutrinar os
novos convertidos para que eles não venham a cair nessas doutrinas. Mas,
quando o assunto é doutrina, a própria Igreja se divide; devemos adotar uma
doutrina severa ou uma doutrina mais aberta? Qual é a certa?
Essa questão é bem respondida em Rm 14:1-6. Pense no ser humano como um
ser social. Nós sempre criamos modos e regras para sobrevivência; criamos
13
estilos de vida, culturas diferentes. Isso não quer dizer que uma cultura é errada e
outra não; são apenas diferentes. Pensando dessa forma, cada ministério possui
sua própria cultura, ou doutrina. Essa doutrina pode não estar explícita na Bíblia,
mas se não vai contra a ela, é uma doutrina válida, pois os homens criam, como já
visto, seus modos de viver e seus costumes. Cabe a nós respeitar e acatar essas
doutrinas com alegria, pois nós optamos pelo ministério.
Como está escrito em Romanos, se achamos que esses costumes são bons,
façamos com alegria, mas não acusemos os outros, nem os chamemos de
pecadores por não quererem seguir essas doutrinas ou costumes. Devemos
instruir as pessoas com amor, mostrando a diferença de doutrinas, que nós
podemos optar por segui-las ou não; apenas não podemos escandalizar quem as
segue. Por isso, quando formos ensinar sobre a doutrina de nossa congregação
ou ministério no discipulado, tratemos com amor essa questão, sem imposições.
Mostre que se a pessoa tem uma opinião, ela não será desprezada, assim como
ela não pode desprezar as outras opiniões. Pensando dessa forma, as doutrinas –
não sendo anti-bíblicas – não serão um tabu, mas uma forma agradável de viver a
vida cristã, cada um conforme a sua cultura e costume, estando todos em conjunto
unidos não por doutrinas, mas pela Palavra de Deus, que é a sã doutrina que
devemos seguir.


Considerações finais


A vida de um evangelista não é fácil. Ele precisa se preparar, não apenas nos
estudos, mas em sua vida espiritual com oração, jejum e a vivência prática do que
ele prega. Precisa também ter coragem e estar capacitado. Sabemos que essa
capacidade provém do Espírito Santo, mas se não nos colocarmos a disposição,
jamais seremos capacitados. Além de tudo isso, sabemos que os levantes do
inimigo serão mais fortes quando nos colocamos a disposição da obra. Nossa
força será testada, nossas convicções serão postos à prova. Muitas vezes
teremos que dizer para uma pessoa que Deus é bom, mesmo após de um dia
inteiro de sofrimento e decepções. Sim, essa é a vida de um evangelista.
Por várias vezes eu passei por humilhações durante o dia e, ao chegar no hospital
à noite para evangelizar, orava em silêncio, pensando que eu não conseguiria
falar do amor de Cristo, sem tê-lo experimentado durante todo o dia. Era nesses
dias que o Senhor mais me usava, que Ele mais salvava vidas. Eu voltava do
hospital renovado, feliz por ver o Senhor agir através de minha vida.
Então, sabendo das dificuldades que virão, e consciente que não esperamos nada
em troca pelo evangelho, nos preparemos para o que há de vir. Que o Senhor
possa abençoar a cada um de nós.