Praticando o evangelismo

Praticando o evangelismo


2.1 A capacidade de cada um


Um grande problema que impede muitos evangélicos de porem em prática o
evangelismo, seja no dia-a-dia ou na igreja, é o fato de não acreditarem em sua
própria capacidade. Não estou falando daquela egocêntrica sensação de
superioridade que muitas pessoas têm em suas habilidades; estou falando de
pessoas que acham que não conseguem falar ou se expressar sobre o evangelho.
Antes de qualquer coisa devemos saber que o evangelismo bem sucedido não
depende simplesmente de nossa capacidade de expressão, conhecimento ou
inteligência; vai muito além disso. O sucesso do evangelismo está na atuação do
Espírito Santo. Não estou falando em fogo caindo ou pessoas pulando, mas na
atuação direta do Senhor sobre nossas palavras de orientação, consolo ou até
mesmo de defesa da fé (Mt 10:19,20).
Porém, para que o Senhor tenha uma atuação plena sobre nossas palavras, é
necessário que estejamos dentro de alguns parâmetros, pois “o espírito dos
profetas se sujeita aos próprios profetas” (1Co 14:32). Isso quer dizer que, mesmo
sendo usados pelo Espírito Santo, nós controlamos o que sai de nossas bocas; e
para que falemos o máximo possível provindo do Senhor, se faz necessário que
estejamos dentro de alguns parâmetros da vida cristã. Nós podemos ser
instrumentos do Senhor ou transformar o evangelismo em meninice. Isso vai
depender de como nos preparamos e de como nos comportamos para com o
evangelismo.
Os parâmetros para a atuação do Espírito Santo são: oração, jejum, vigilância,
estudo da Palavra e amor para com o próximo. Quando oramos frequentemente, o
Senhor nos dá sabedoria e discernimento para que possamos ser usados por Ele.
O jejum nos traz revestimento, nos fortalece contra as adversidades e tentações.
A vigilância nos mantém prudentes com nossas atitudes. O estudo da Palavra nos
traz conhecimento e faz com que tenhamos a capacidade de discernir o que é
verdade e o que não é. Por fim, o amor nos dá a capacidade de querer ajudar,
amparar os irmãos que precisam de apoio.
Lembremos que Davi não era capacitado para ser rei de Israel; porém o Espírito
do Senhor tomou a Davi (1Sm 16:13) e o capacitou dali em diante. Isso porque
Davi tinha um coração puro, segundo o coração de Deus. Ele não precisava falar
bem ou ter muito entendimento. Lembremos disso quando nos sentirmos
incapacitados para a obra. Que nós estejamos com nossas vidas diante do
Senhor, que busquemos melhorar através da oração, do jejum, da vigilância, do
estudo e do amor. E que, dessa forma, o Senhor encontre em nós uma terra fértil
em que Ele possa semear e nos instruir, nos capacitando para a obra.


2.2 A prudência


“Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos; portanto, sede prudentes
como as serpentes e inofensivos como as pombas.” Mt 10:16
Essa frase foi dita por Jesus em sua ministração na preparação dos discípulos
para o evangelismo. Jesus deu a eles poder para expulsarem demônios e curarem
enfermidades. Mas, apesar desse poder, Jesus os alertou acerca da prudência, da
sabedoria.
Como já falamos, qualquer brecha ou motivo pode acarretar em uma situação
constrangedora. Isso porque o inimigo está ao derredor; depende de nós não
darmos espaço para que ele atue no meio do evangelismo. Isso vai depender de
nossa prudência.
E a prudência nada mais é que um conjunto de atitudes que serão conduzidas
pelo Senhor e nosso bom senso. Se você está evangelizando na rua, não fale por
muito tempo; se está evangelizando em um hospital, não prometa coisas que você
não sabe se é da vontade de Deus, como curas ou melhoras rápidas; se você está
fazendo culto na casa dos outros, não orem em voz alta para não incomodar os
vizinhos ou moradores não evangélicos da casa. Esses são apenas alguns
exemplos de atitudes que podemos tomar para evitar que reclamem do
evangelismo.
Geralmente quando uma pessoa nos recebe como evangelistas elas não esperam
simplesmente uma “oração forte” ou um culto de fogo. Muito além disso, elas
esperam uma palavra sábia de apoio, conselho ou consolo. Instruir sobre o
verdadeiro evangelho é muito eficaz e tem um efeito positivo na vida das pessoas.
Esse aspecto deve ser visto também diante de outras religiões. Católicos,
espíritas, macumbeiros; todos devem se sentir bem vindos aos cultos e aos
evangelismos. Se mantivermos prudência e, ao invés de atacar a religião alheia,
falarmos apenas do amor de Cristo, a semente será plantada. Lembro-me certa
vez, em um hospital, uma paciente me disse ser espírita. “Que bom; então você
acredita que Jesus morreu para nos salvar” afirmei para ela. Ela balançou a
cabeça concordando e, ali mesmo, comecei a falar na tamanha demonstração de
amor que era Deus morrer por nós e, naquele momento em especial, por ela. A
paciente começou a chorar e pudemos fazer uma oração. Após a oração, entrou
uma irmã, também parte da capelania hospitalar, que ao saber da religião da
paciente, começou a criticá-la e a falar sobre demônios, espíritos e coisas do tipo.
A paciente se sentiu ofendida e pediu para que a irmãzinha se retirasse do quarto.
Essa experiência me fez ver que o real evangelho, o que fala sobre o amor de
Deus, é muito mais eficaz do que qualquer discussão sobre religião. Por isso nos
atentemos a falar apenas do real evangelho, que é devidamente temperado para
cada pessoa. “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para
que saibais como vos convém responder a cada um.” (Cl 4:6)
Sejamos prudentes em nossas atitudes, vigiemos. Sejamos mansos e humildes.
Para que não fiquem más impressões e que nós possamos vir a ser
irrepreensíveis diante dos homens. Tudo isso para a honra e glória do Senhor.
“Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica,
moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e
sem hipocrisia.” (Tg 3:17)