Nossa principal motivação

Nossa principal motivação
Consideremos também um outro fator muito importante na vida de um evangelista:
a sua motivação. Não estou falando de técnicas motivacionais corporativas, mas
daquele fator que faz com que você tenha vontade de evangelizar. Isso, apesar de
ser pouco discutido, é de grande importância na vida do evangelista.
Toda a atitude do ser humano é motivada por algum fator ou alguma necessidade.
Nós trabalhamos porque precisamos sustentar nossas casas ou simplesmente
pelo nosso desejo de comprar algo que para nós é importante. Nos casamos
porque o ser humano é um ser social e não consegue, por mais que diga o
contrário, viver sozinho. Freqüentamos a igreja porque temos a necessidade de
comunhão com Deus e pensamos demonstrar isso através de nossa assiduidade.
Oramos, ou pelo menos deveríamos orar, porque temos a necessidade de falar
com Deus e sermos ouvidos. Mas e evangelizar? Qual a vantagem que temos em
sair de casa e irmos para praças, fazer visitas, entregar folhetos e falar do
evangelho?
Vemos atualmente os mais diversos motivos para se evangelizar: procurar agradar
a Deus para que Ele responda nossas orações mais depressa, se destacar e
conquistar um cargo na igreja, alcançar maior número de membros para atingir
metas ministeriais e orçamentárias, fazer parte de um círculo social; poderíamos
citar inúmeros motivos que, muitas vezes sem querer, animam um cristão ou um
ministério a evangelizar. Esse tipo de motivação não torna a pessoa um monstro,
porém fragiliza o evangelismo nos momentos de dificuldades.
É muito comum vermos projetos de evangelismo começarem a todo o vapor e, de
repente, perder a força e acabar. Isso acontece porque os evangelistas começam
a ver que a prática do evangelismo não trouxe o retorno que eles esperavam.
Assim as pessoas perdem a motivação, se decepcionam e param o evangelismo.
Existem diversos testemunhos de pessoas que foram a outros países em missões,
mas voltaram rapidamente por não conseguirem agüentar a pressão. Isso não
quer dizer que elas estavam despreparadas; talvez elas tivessem a motivação
errada.
Conhecer o porquê de termos vontade de evangelizar é muito importante para um
evangelista, pois assim as adversidades não trarão dúvidas ou questionamentos
quanto à eficácia do evangelismo.
Imaginemos a seguinte situação: uma pessoa, imaginando que vai alcançar
determinada benção mais rápido se fizer evangelismo, começa a evangelizar. Ela
evangeliza um mês, dois meses, com toda a vontade, pois ela espera que isso
trará uma resposta para o seu pedido a Deus. Porém, passam-se cinco, seis
meses e, ao invés de uma resposta, ela só encontra mais dificuldades, mais
provações. Essa pessoa começa a se questionar sobre a eficácia do evangelismo,
se pergunta se Deus tem dado mesmo importância para sua vida e começa a se
sentir decepcionada. Com a decepção vem o desânimo e ela para de evangelizar,
frustrada porque Deus não respondeu suas orações mesmo ela trabalhando na
obra. Vê como é importante conhecer nossa real motivação em evangelizar?
Mas, diante de tudo isso, o que deve nos motivar a evangelizar, a trabalhar na
obra?
A resposta é simples: não temos, ou não devemos visar, nenhuma vantagem no
evangelismo. Isso demonstra humildade e uma íntima vontade de honrar ao
Senhor através de nossas obras. João Batista nos demonstra essa fiel humildade
em Jo 3:30: “É necessário que Ele [Jesus] cresça e que eu diminua.” Apesar de
João Batista ter evangelizado no deserto e ter sofrido perseguições, ele entregou
toda a sua obra nas mãos de Jesus, se negando de qualquer vantagem.
Outro bom exemplo dessa humildade no evangelismo foi a forma de Jesus chamar
os seus discípulos (Pedro e André) para a obra: “Vinde após mim, e eu vos farei
pescadores de homens” (Mc 1:16,17). Se Pedro e André já eram pescadores,
porque Jesus não os chamou para serem líderes, anciãos, soldados ou algo do
tipo? Se eles já eram pescadores, qual a graça em continuar sendo pescador?
Talvez se fosse oferecido um cargo de honra seria mais interessante! Mas Jesus,
nessa frase, demonstra a simplicidade de seu chamado; “...vos farei pecadores...”.
Não era um cargo, era uma profissão humilde e, nessa humildade, eles
resgatariam homens da perdição, salvariam vidas.
Essa deve ser nossa visão diante do evangelismo: dar sem esperar nada em
troca, ajudar sem esperar que nos ajudem, sabendo, claro, que o Senhor não nos
deixará desamparados (Sl 9:10). O evangelismo nos trará diversos obstáculos,
adversidades, cansaço; mas se tivermos consciência de que precisamos passar
por isso para fazer a obra, não vamos nos desanimar por não recebermos
recompensas (2Co 4:8,9). Antes, vamos ter nossa fé renovada, pois sabemos que
é necessário passar por tribulações para entrar no Reino de Deus (At 14:22). Se a
nossa motivação for que o Senhor e sua Palavra cresçam, a nossa alegria
passará a ser renovada não por causa de recompensas, cargos ou metas; mas
pelo simples fato de sabermos estar levando alimento para tantas pessoas que
necessitam.